Pequeno resumo da História do Circo

Há pelo menos seis mil anos os chineses já desenvolviam o malabarismo e a acrobacia. Também na Antiguidade, consta dos hieróglifos egípcios desenhos e escrituras de homens se equilibrando de ponta cabeça diante de um público. Nos Jogos da Paz, na Grécia Antiga, alguns séculos antes de Cristo, a demonstração de habilidades era muito valorizada. No entanto, o ideal grego se voltava mais à característica esportiva das demonstrações. Os Jogos da Paz, que deram origem ao que conhecemos como Jogos Olímpicos, deram origem às Olimpíadas dos dias de hoje.
O Teatro grego da Antiguidade também trazia elementos performáticos, a partir da Dança, que envolvia demonstração de habilidades e também representações cômicas que indicam a essência e origem da palhaçaria.
Os romanos, com sua civilização de espírito guerreiro, trouxeram até nós o nome Circo, que tem origem no latim circus, que significa "círculo" ou "anel". O termo remete às arenas romanas, lugares onde se praticavam esportes e lutas. O primeiro grande Circo que se tem conhecimento foi o Circus Maximus, construído por volta do século IV a.C. durante a Roma Antiga. No entanto, nada do que acontecia nestas arenas tem a ver com o Circo atualmente. O circo romano era o local onde os gladiadores se enfrentavam em lutas até a morte e onde a perseguição aos cristãos tinha sua faceta mais cruel, a de colocá-los para enfrentar feras sem o uso de armas.
Para chegar à forma que tem hoje o Circo sofreu diversas influências. Durante toda a Idade Média, na Europa, eram comuns os artistas nômades que percorriam os vilarejos e palácios para mostrar a sua arte. Neste período destacam-se os trovadores, jograis, poetas e músicos; os bufões, servos que divertiam a realeza; os atores profissionais que eram contratados pelas Igrejas para representar a vida de Cristo e dos Santos.
Ao final da Idade Média e com o início do chamado Renascimento, é que a Arte Circense vai se consolidar no imaginário popular como arte. Embora seja milenar, é nesse período que se definem as artes cênicas clássicas, definindo o Circo junto ao Teatro, Dança e Ópera.
Ao final da Idade Média, com o crescimento do comércio, veio a formação das primeiras cidades europeias a partir das muralhas dos castelos, os Burgos. As cidades se formaram em torno de feiras, nas quais os camponeses trocavam seus excedentes de produção, onde todos se abasteciam e ficam sabendo das novidades que mercadores traziam do Oriente.
Esses pontos de encontro eram ótimos locais para os artistas da época se apresentarem. A efervescência desse período foi profissionalizando o artista de rua itinerante, o chamado saltimbanco. Artistas variados com números de acrobacia, música, saltos, ilusionismo, representações teatrais, poesia, mímica, ventriloquismo, enfim uma imensa gama de expressões.
Famílias de artistas se mantinham e sobreviveram durante várias gerações circulando por toda Europa demonstrando sua arte. Algumas destas famílias fizeram fama e chegaram a estabelecer moradias fixas, para onde retornavam após as longas viagens, que duravam em média dois a três anos. Boa parte destas famílias se estabeleceu na região compreendida por quatro cidades italianas: Bérgamo; Prama; Piancenza e Bréscia. Criaram estruturas próprias para suas viagens, como carroças que serviam de moradia e palco.
Embora os saltimbancos signifiquem a origem do Circo Moderno veio a se tornar, ainda assim, naquele período essa mistura de artistas ainda não se caracterizava por se dedicar nem a eram conhecidos como artistas circenses.
O Surgimento do Circo Moderno

Durante o Renascimento, do século XIV ao XVII, uma atividade antes restrita somente aos nobres, o adestramento de cavalos, deu o impulso para que a Arte Circense se estabelecesse da maneira como conhecemos hoje. Nos períodos de paz os cavaleiros ficavam ociosos. Em seu tempo de lazer dedicavam-se a executar algumas acrobacias sobre suas montarias, o que atraia várias pessoas curiosas para assistir as proezas.
O oficial inglês de Cavalaria, Philip Astley, tinha o sonho de levar essa arte ao povo, organizando apresentações de montaria que se somavam com atrações feitas pelos saltimbancos. Convidou os Ferzi, uma família de funâmbulos (equilibristas) e acrobatas para se apresentarem junto aos cavaleiros. Foi no Astley´s Royal Amphitheater, um teatro de arena circular que o Circo Moderno nasceu.
A partir daí, por causa do círculo do picadeiro central, o público passou a chamar os diversos locais semelhantes que surgiram de Circo de Picadeiros, Circo de Cavalinhos até virar somente Circo. Foi o resgate do nome Circo da época dos romanos dando-lhe um novo significado, o do espaço circular que abriga espetáculos de variedades. Philip Astley é considerado o pai do Circo Moderno.
Da mistura de militares com saltimbancos resultaram nas várias gerações de famílias circenses que hoje percorrem o mundo. Além de já fazer parte do modo de vida de algumas famílias de saltimbancos, o nomadismo muito influenciou para que o espetáculo circense passasse a ser abrigado pelas lonas.
Uma das razões é que o Circo as técnicas dos artistas se desenvolviam lentamente e as populações eram pequenas, o que fazia com que em pouco tempo quase todo o público de uma cidade já tivesse assistido a uma atração. Aos poucos a atração perdia o ineditismo e precisava migrar em busca de novas plateias.
A convivência e assimilação do povo cigano, culturalmente voltados à montaria e habilidosos com cavalos, também caracterizados pelo nomadismo teve forte influência na vida circense. No Brasil, sempre a confusão se estabeleceu e em meados do século passado era comum chamar os circenses de ciganos.
Os Circos fixos passaram, então, a contratar artistas viajantes. Outra razão, é que os espetáculos ganhavam uma forma que resultava em muito sucesso, com elencos formados por uma ou duas famílias, que não queriam se desagregar. Deixam o Circo que estavam, formavam novas Companhias e partiam com espetáculo completo em busca de novas cidades e locais de apresentação.
A lona teve influência árabe. Os mouros predominavam na Península Ibérica naquele período e suas técnicas de construção determinaram o que veio a ser a arquitetura do Circo. A tenda moura era quadrada e foi transformada em espaço circular por causa das demonstrações de cavalos. O circo de lona, como conhecemos hoje, tem cerca duzentos e cinquenta anos de existência.
Os corsários, marinheiros sem pátria definida, muitos ligados à pirataria, é que trouxeram os números aéreos. O número da corda-marinha, que é mãe do trapézio, era uma brincadeira de marinheiros. Todos elementos do dentro da lona de um Circo tem nomes iguais aos que usam os marujos como mastros; mastaréis; o nome dos nós utilizados etc.
Diversas tecnologias se desenvolveram em torno da arquitetura circense. Pode-se se dizer, que o Circo, a tenda redonda que vemos em qualquer parte do mundo, sintetiza um cem número de influências que a estabelecem como o espaço do mundo, onde tudo é possível de ser representado. Sua simbologia é muito ampla. Para os circenses é o céu de seu mundo.
Diversas outras influências acabaram determinando a forma do Circo. A necessidade de sempre estar viajando em busca de um novo público colocava o artista circense em contato com novidades e outras culturas, que ele assimilava à sua forma de vida e à sua arte.